quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Filhos das Tristes Ervas


Entre as sombras de linhas e o advérbio invisível,
Esgueira-se na noite uma verdejante alma sensível,
Longe dos caminhos perdidos de inúteis catervas,
Modificando o sentido sofrido de um verbo risível,
No modo de ser das palavras suas humildes servas,
Amenizando a intensidade dos tempos sem reservas,
Circunstâncias indicadas de pensamento concebível,
Fogo gravado na capa pobre por pequenas minervas,
Favor queimado na pele dos filhos das tristes ervas!

Entre linhas sombrias e o invisível advérbio solitário,
Brilha o olhar cabisbaixo da vergonha e seu contrário,
Infâmia de um penitente, inocente de sua condição,
Triste Pobreza quase daninha em consagrado glossário,
Léxico rejeitado em abandonados ermos de perdição,
Onde crescem arcaicos termos adverbiados de rejeição,
Verde erva sempre verde na esperança de um corolário,
Proposição lógica de impoluta Alma por justa asserção,
Culpa da inocência, por ser erva, dada à luz na redenção!

No modo de ser das palavras, suas humildes servas,
Vivem inocentes os solitários filhos das tristes ervas!

Conspiraram nas searas as gramíneas virulentas,
Pintando céus azuis com arrebatadas opiniões cinzentas,
E de pungidas lembranças de silenciosos galrachos parasitas,
Desenham-se veracidades sobre testas de ferro truculentas,
Lavando o rosto de aparentes chupins de si mesmo eremitas,
Despindo inverdades danadas na lavra de insuspeitas desditas;
Restou todo um céu celeste sem falsas palavras nebulentas,
Revelando fracas ervas pelo valor de uma erva mágica sedentas,
Magia que da pobreza nasceu como ervas de ouro descritas!

Voam entre reis, caminham no seio de pessoas benditas,
Respeitando o modo de ser das palavras, suas humildes servas,
E vivem felizes como inocentes e solitários filhos das tristes Ervas!

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sidéreos Olhares distantes



Pesado sob esperanças de tua memória apagada,
Caminhas absorto entre alheias memórias de nostalgia,

Levitas sereno no efeito monótono de uma rima forçada,
Adivinhando redundantes palavras de copiada monotonia,
Sendo tu, ponte atravessada sem fim de reiniciada melancolia,

Sobre teu sangue o qual corre inseparável da tristeza causada,
Pelo defeito distante de um rasgado sorriso à doce gargalhada,

Saboreias o primeiro momento petiz de teu desmemorizado dia,
Tão igual sabor amargo do adeus à tua infantil despedida adiada,
Tua primeira esperança em adoçado som de estranha harmonia!


Desenhas jardins celestes entre arco-íris de colorida felicidade,
Semeias colheitas de meigas flores crescendo no teu largo sorriso,
Convidando tristezas sem fim ás oferecidas tentações do paraíso,
Dócil flor forte de macieira adivinha de irrecusável docilidade,
Tão capaz de pintar frutos de esperança com cores de eternidade,
Na fantasia sidérea onde teu olhar ingénuo brilha de perdido siso,
Traduzindo surreal quadro admirável de improvável cumplicidade,
Sobre um insolente esboço casual de misterioso traço impreciso!

O frio solitário que aqueceu tua derradeira noite escondida,
Foi veste volúvel feita à grandeza ardente de tua alma despida,
Que por breves momentos de teu velho desejo ficou ausente,
Deslizando escondido sobre o gelo azul de um frio diferente,
Passiva solidão reversível onde tua vontade jaz adormecida,
Reverso derretido descongelando teu sentir premente!

Brilham agora tuas lágrimas, fora do tempo, amantes,
Como que sempre esperasse um impossível sinal fulgente,
O mesmo sinal que se esvai nas vias de possibilidades distantes!
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