quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Ilusão forte de um Olhar falso

Eu sou o vento,
Dispo-te de tua beleza que se veste no tempo,
Sou vento forte!...
Visto trapos de luz com o brilho de tua sorte,
Sou ciclone desatinado e violento,
Alma de teu sofrimento,
Sou teu desejo sem norte,
Sou o tempo,
Sou o vento,
Talvez a Morte!

Eu sou a fome,
Alimento tua gula de um inferno sem nome,
Sou fome violenta!...
Insaciável ninguém que de ti se alimenta,
Sou apetite que come,
A vontade que consome,
E de ti se sustenta,
Apuro teu sabor com o suor que te experimenta,
Sou a Fome,
Sou o nome,
Talvez tormenta!

Eu sou o carrasco,
Ofereço tortuoso caminho de sangue até ao penhasco,
Sou a dor!...
Sou pus em ferida aberta de teu dilacerado amor,
Sou ignóbil fiasco,
Sou a náusea do asco,
Sou a consciência sadia do teu miserável torpor,
Sou o carrasco,
Sou o asco,
Talvez rancor!

Eu sou o reflexo,
Exponho a verdade côncava de teu falso convexo,
Sou a cegueira!...
Sou a cor omitida na mentira de uma bandeira,
Sou infectado sexo,
Sou teu olhar perplexo,
Sou as trevas de capa e capuz da inesperada ceifeira,
Sou a rasteira,
Sou caos sem nexo,
Talvez inquisição e fogueira!

Eu sou a claridade,
Destruidor de mentiras com laivos de crueldade,
Sou verdade crua!...
Sou sonho desprotegido do pesadelo de consciência nua,
Sou refúgio da falsidade,
Causa perdida de tua ansiedade,
Sou leito escorrido onde teu medo desagua,
Sou corgo da piedade,
Alivioso despertar de tua adormecida intimidade,
Sou imagem tua,
Que no pesadelo se insinua,
Sou, quando acordas, a verdade,
Sou tua maldade,
A dúvida que se perpetua,
Eu sou a Liberdade!

Eu sou ninguém,
Pouco mais de nada,
Sou grito de alguém,
Sou o sonho que se retém,
Demónio de uma alma cansada,
Sou teu desdém,
Parte de perdidas partes em partes separada,
Sou um pouco de ti, porém,
És muito de mim também!

Eu sou a mentira da verdade
Sou desprezo que de ti fica aquém,
Sou o vento forte da Liberdade!

Só não sou o que digo ser,
Quando meus olhos consegues ver!

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Desejasses...


Desejasses transvestir-te de tua lágrima contrafeita,
Oferecer tuas mágoas cantadas em côngios antigos,
Desejasses tu revestir-te de teus contrafeitos amigos,
Oferecer transbordos saudáveis de tua cúmplice maleita,
Desejasses teu abraço contrafeito que por ti se estreita,
Oferecer a razão directa de melancólicos desejos antigos!


Desejasse o adiado beijo, teu desejo,
Desejo que por beijo meigo te beijava,
Beijasse a esperança teu desejado pejo,
Desejando o beijo que um beijo Amava,
Um pouco do desejo que o beijo desejava,
Beijando em teu coração, um doce latejo,
Desejasses não perder o desejado ensejo,
E o Amor por teu Amor se enamorava!

Desejasses a morte que por ti morresse,
Matando teu desejo que por alguém viveu,
Desejasses a vida que por ti alguém volveu,
Vivendo do desejo que por ti apetecesse,
Desejasses a derrota que por ti vencesse,
Victorioso desejo que por alguém se perdeu!

Escrevesse teu desejo uma rima de Amor,
Com ternura delicada de um poema beijado,
Teu fresco sorriso em terno beijo desejado,
Nas pétalas felizes de uma rosa branca flor,
Juras escritas em páginas de eterno alvor,
Seria tua alma, oração de coração aliviado!

Desejasses tu uma rima de Amor!...
Desejasses tu um Desejo!
Desejasses tu esquecer tua dor!...

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sombra Dos Lírios Serenos

*
Dorme tua branda Sombra serena,
No aroma leve de uma branca açucena,
Adejando levemente no bafo de uma brisa,
Véu de frescura suave que por alguém se giza,
Adejando alma celeste de uma branca e leve pena,
Soltada na paz da asa branca de uma pomba pequena,
Deixando-se voar na profecia de uma adormecida pitonisa,
Que envolvendo-se no murmúrio calmo na esperança plena,
Baila em ténue sombra que sobre os pensamentos deslisa,
Ninando sobre delicados pés lavados que tua alma não pisa,
Anuindo ao tranquilo olhar cúmplice que meigo seu olhos acena,
Acenando a cúmplices olhos que exalam uma suspirada brisa,
Bulindo da gradação de uma pomba numa mesma açucena,
Á suave leveza que sonha da mesma sombra serena!

Movem-se levemente as leves sombras da Alma,
Apática sombra serena de uma sina tépida e calma,
Aparência de luz que os corpos cobertos não ilumina,
Cobrindo com o Sopro leve de uma madrugada menina,
Onde procura doce carinho no leito de uma macia palma,
Cavado pegar sustido sob colchão de luzente neblina,
Por sombra de luz que treme na luz de uma lamparina,
Cintilando entre sua luz que por sua sombra é vivalma!

Adormecem as sombras que deslizam na luz da serenidade,
Dormindo um vôo picado de paz na mansidão de um sono leve,
Onde Flutua no aconchego de um estremunhado sonho breve,
Fleuma de lírios brancos esquecidos em campos de eternidade,
Harmonia da essência perdida no sonho perdido da Humanidade,
Metamorfose das açucenas em brancos e quentes flocos de neve!

Movem-se levemente as leves sombras dos lírios da Palma,
Aparência da luz branca dos lírios que sobre os corpos escreve,
Apatia de sombras serenas nos serenos lírios brancos da Alma!
*