Emprestava à educada adulação que dava,
Toda a beleza celestial que dos anjos adultos não tinha,
Redigia aromas de alfazema por cada palavra que perfumava,
Oferecendo vigor ao deleite das flores em Primavera de rainha,
Que levitava em volta do nascer dos sóis que seu reino mantinha,
E deixava despedidas ternas ao fiel súbdito que por ela se cultivava,
Rodeando-se do servil infinito que às doces palavras, lisonjas dedicava,
Por cada sol posto que deixava em misterioso perfume de uma adivinha,
Guardada na cor de frasquinhos invisíveis das essências que não adivinhava,
Fechando todas as palavras num livro onde sua palavra não estava sozinha!
Oferecia às palavras uma outra versão da verdade que lhe ia na Alma,
Escrevendo lisonjas amorosas no branco dos olhos escancarados ao Sol,
E aquecia o engodo iluminado da estima no sedutor espigão do anzol,
Com que pescava os amores que nadavam nas repescagens da calma,
Para ambos flutuarem sobre a inércia da corrente morta em seu prol!
Enfiadas na dupla transparência das linhas escondidas,
As mais lindas pérolas que no cerne das palavras se formaram,
Mostravam todo o amor dedicado ao infinito das conchas perdidas,
Que se abriam de amores às contas de vidro e outras pérolas prometidas,
Prometidas pelo carinho lustrado do colar que ao carinho recebido colaram,
Semeando graças brilhantes na sombra grata do desassossego que as alteraram,
Com o sossego das promessas antigas ensombradas por pérolas esquecidas,
Apagadas da memória, na folha que em suas páginas separadas voaram,
Poisando entre as costas voltadas do segredo ao abrigo das intrigas,
Onde dormiam sossegadas no espelho das entre costas amigas,
Reflectindo adulações educadas das palavras que amaram!
Às vezes pressente-se uma agitação consentida, próxima do naufrágio,
E os porcos inocentes que se debatem entre a culpa das conchas antigas,
Emergem, lustrosos, num quadro de lustrosas pérolas coladas ao adágio!