Um caloteiro sem dívidas que a todos as flores devia,
Não devia qualquer dúvida à certeza de calotes a não saldar,
Atraindo investidoras com persuasivas juras do amor a pagar,
Contraía no acto do intento um sincero calote de franca garantia,
Que Assinava com todas as letras falsas de sua desfaçada ousadia,
Numa caloteada palavra de honra perdida que ficara por cobrar,
À desfaçatez de um vigarista orgulhoso dos logros que infligia,
Malogrando altruístas que até egoístas gostavam de ajudar!
Era um vistoso girassol de saloia inclinação,
De hábito fixado na manigância de eloquentes cantigas,
Murmurava mágico pólen de amor a ingénuas margaridas,
Seduzidas com deleitosas promessas de fidelíssima paixão,
Estimulando a libido silvestre que as imbuía de tão quente tesão,
Até lhes foder o fraco discernimento de ver suas fortunas perdidas,
Em cegas pétalas prostradas num deplorável estado de negação!
Acabam as margaridas nas mãos ávidas de quem sorteia um Amor,
Sentem cair suas pétalas abusadas em desejos de Destino salteado,
Bem-me-quer trás um belo girassol que pelo Sol está assombrado,
A pétala seguinte, uma expectativa de tia que aumenta seu temor,
É malmequer decidido ao acaso que, por acaso, é de pouco valor,
Por não ser a derradeira pétala de uma fraca margarida torturada,
Que deslumbrada pelo caule erecto de uma planta de forte alvor,
Esquece-se de sentir o verdadeiro calor que de sua Luz emanava!
Foi do desgosto salvada por um girassol de beleza magnética,
Reverdecendo as singelas margaridas de ilusões sem dignidade,
Que, agradecendo, escancaram as pétalas húmidas de vaidade,
Esquecendo náusea vegetal de sua própria integridade patética,
Confundido esterco de uma estrumeira de estremada dialéctica,
Por mais um girassol escorraçado pelo Sol sem raios de piedade!
Bem-me-quer…
Malmequer ou Margarida,
É não saber se é azar de o ser,
Se é girassol ao anoitecer,
Ou pétala sem vida,
De uma dívida prometida,
Por quem só espera o amanhecer!
Alimentam-se de tristes pétalas dadas ao abandono,
Os girassóis que por aí regam margaridas abandonadas,
No intuito de ser um Bem-me-quer desesperado, seu abono!