segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ateu Confesso



Pobre inconsolável sem Deus,
Sisma no brilho do seu buraquinho,
Escondido entre a graxa dos Ateus,
Pobre do pobre, pobre, pobrezinho,
Coitado do triste pobre rapazinho!

Um pobre rapazinho sem asas para voar,
Partilha subterrâneos onde é proibido sonhar,
Escava pesadelos na pobreza que tudo lhe deu,
Esquece-se culpando Deus por todo o seu azar,
Apagado pela luz que ele nunca compreendeu,
Destila ódios íntimos do vapor que o enraiveceu,
Culpa Deus por seus pecados e confessa-se Ateu!

É escárnio escondendo-se num medo de cagão,
Ri-se todo tolo pensando-se um mestre em graça,
Desprezam-no os palhaços ignorando-o com chalaça,
Morre de fome à mesa dos senhores de nobre condição,
Não se assumindo, continua rindo do seu ódio de desgraça,
Pobre pobrezinho sem Deus cheio de inveja em seu coração,
Sem saber que é demasiado parvo para ser Ateu em confissão,
Pobre ressabiado que de olhos nos olhos tem uma mordaça!

Porque este Ateu não ergue as mãos em Dezembro,
Acreditando apenas em tesouros dos ricos Reis Magos,
Ofereço-lhe toda a pobreza deste Poema de Novembro,
Buracos sem agulhas para camelos de pensamentos vagos,
Que tentarão passar por estreitos infernos de Céus aziagos,
Olhando com inveja a esperança feliz da qual não é membro!


Coitado do triste pobre rapazinho,
Pobre do pobre, pobre, pobrezinho,
Escondido entre a graxa dos Ateus,
Sisma no brilho do seu buraquinho,
Oh, pobre inconsolável sem Deus!


Com a Luz da alma vazia que ele nunca entendeu,
Anda por aí escavando miolas em bolsos de pão,
Nas avessas searas perdidas do pobre Ateu!