domingo, 20 de setembro de 2009

Diferentes Vindimas Iguais


Trovões suaves se formavam na mente,
Pela estranheza de quem não os esperava,
Riam desconfiados de quem desconfiava,
Perdendo o olhar que bailava facilmente,
Olhar encontrado que pousava mansamente,
No sorriso da graça que o sorriso provocava!

Ilhas atrevidas de mentes solitárias,
Rodeadas por mil cuidados de garantida liberdade,,
Voaram sobre a vontade das atenções desnecessárias,
Tocando suavemente os vinhedos de lendas várias,
Gravados em cada videira o anonimato da identidade,
Em anónimas diferenças de igual particularidade,
Contrariando o juízo de iguais suposições contrárias,
Supondo agrestes encostas em Douro de tempestade,
Suposta surpresa confirmada na sensível possibilidade,
Da pobreza insensível de afectações sumárias!

Tesouras de luz cortando a iluminada diferença,
Na luz da luz que ilumina o resplandecente caminho,
Não deixando passar em claro solitário cacho de uvas sozinho,
Compreensão indiferente de quem aguarda a contínua sentença,
Na absolvição de um parto sem pecado absolvido à nascença,
Invisíveis parras cobrindo o perfeito rosto mesquinho!

Ilusores passos descontrolados em ameaça de queda eminente,
Ilocáveis Almas preenchendo lacunas entre bardos de videiras,
Entrelinhas misteriosas onde outras uvas curam cegueiras,
Silêncios surdos de gritos mudos no olhar de quem sente,
A condigna superior igualdade de igual mérito diferente,
Condutíveis pessoas em ordenadas fileiras,
Aguardando sua vez sem invejosas rasteiras,
Admirável humildade sorridente!

Doces uvas de doce vindima,
Colheita doce de doce estima,
Amigos diferentes em seu trajecto solitário,
São prova de igualdade e seu contrário,
Lição de vida que a videira da vida anima,
Cachos dourados pelo quente Sol que ilumina,
Bagos devotos nas contas de um rosário,
Corações rebeldes em vinhateiro sacrário,
Qualidade vindimável que pelo coração prima!

Triláteros de tempo cada um em seu compasso,
Três dias diferentes cada um com sua face,
Forças renovadas na gradação do cansaço,
Mais um dia do primeiro que renasce,
A mesma Luz do mesmo mágico passe,
Reintegração possível em tempo tão escasso!

Vindima da memória que não foi vindimada,
Ainda que colhida por pessoas tão Admiráveis,
Será sempre vindima de consciências amáveis,
Em cada cepa de videira gravada!


Sendo tão iguais na virtude quanto no defeito,
Fez-se uma vindima diferente cortando tudo a eito!

6 comentários:

Anónimo disse...

Krystal,

sobre o vídeo:


Tesouras de Luz
Cortando Iluminadas Diferenças


Assim, faz-se o Poeta... o Poeta que se encanta com as admiráveis faces da colheita servida e provada ao mais diferentes gostos.

Que graça seria ao Poeta não sentir graça na humildade de pessoas tão especiais?

Não seria Poeta! e toda sua arte seria abstrata. Nem que todas cores fossem utilizadas... de borrão seria feita a arte, de inútil
seria a arte, senão houvesse a sensibilidade
do Poeta.

Assim o Poeta sente e faz do sentido sua melhor arte! A arte das tesouras a cortar as divergências entre o real e o imaginário, o são e o doente! Porque
o Poeta compreende que tais divergências são circunstanciais...
acasos, acidentes... meros acidentes... ou talvez, para alguns, oportunidades.

Assim, pelas lentes do Poeta a poesia é desenhada, como fino traço de beleza única... na harmonia da arte, em suas cores previamente delineadas com a capacidade de ouvir, estar atento e acolhedor às necessidades do outro.

Porque no outro, o Poeta sabe, também está toda a consciência
do ilimitado conviver...





Boa semana.

Daniel Savio disse...

Ficou bonito o video (imagino que seja você visitando uma vinheda)...

E belo texto, mas está participando da blogagem da Susana, do blog Descubra as Aldeias Históricas de Portugal (http://aldeiashistoricasdeportugal.blogspot.com/)?

É sobre vinhos a blogagem...

Fiquem com Deus, menino KrystalDiVerso.
Um abraço.

Teresa Alves disse...

Krystal,


Não foi à toa que alguém disse grande parte da humanidade
caminha em fila indiana,
com uma sacola na frente e outra nas costas.

Na sacola da frente temos nossas virtudes e na de trás,
os defeitos.
Assim ficamos presos às nossas virtudes,
porque as temos carregadas junto do peito, próxima dos olhos
e para os defeitos,
que estão
as nossas costas, ficamos cegos.

Na fila, porém, temos à frente nosso companheiro
e suas sacolas cheias de seus defeitos.
Mas ao mesmo tempo que nos preocupamos
em ser crítico de quem está a nossa
frente,
nos esquecemos que atrás da gente há mais alguém,
pensando da mesma forma como
estamos pensando do outro.

Talvez seja necessário sair
da fila indiana e
caminhar ao lado do outro.
Bem mais fácil.
Menos doloroso também.
E não menos,
prazeroso e edificante.

Porque assim vemos nossas virtudes e as virtudes do outro.
Ao nos posicionarmos de frente um para o outro,
aprendemos a trocar os valores de nossas virtudes,
a pensar em melhorias e em crescimento contínuo.

E, aí sim,
somos capazes de nos surpreendermos
com as descobertas que faremos.


Porque alguém também disse que
"somos iguais tanto na virtude quanto no defeito"
e para tanto, que a caminhada seja
livre e que
não façamos dela uma fila indiana.








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Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

que realismo esse seu poema!

♥ . . ♥ . . ♥ . . ♥ . . ♥ . . ♥ . . ♥ . . ♥
……… ) ` – . .> ‘ `( ……..
…….. / . . . .`\ . . \ …………vim♥
. ……. |. . . . . |. . .| ………..te♥
.. ……. \ . . . ./ . ./ ……….fazer♥
……….. `=(\ /.=` ……………uma♥
…………. `-;`.-’ ………… .visita♥
. ………….. `)| … , ………… e♥
……………. || _.-’| ……… deixar♥
…………. ,_|| \_,/ ………….. uma♥
. …… , ….. \|| .’ …………..rosa♥
……. |\ |\ ,. ||/ ……………..para♥
. … ,..\` | /|.,|Y\, …………….que♥
….. ‘-…’-._..\||/ ………… ….seu♥
……… >_.-`Y| …………………dia♥
………….. ,_|| ……………..fique♥
……………. \||………….perfumado♥
…………….. || ………….♥
…………….. || .Bjs…♥
um otimo dia

AnaMar (pseudónimo) disse...

Uma vindima de afectos repartidos, num belo poema.
Deixo...um abraço!

Anónimo disse...

É possível que a parreira consiga omitir sob suas folhas, faces mesquinhas de pura ilusão...

Uma dia, uma hora... a folha seca e despenca do galho que a sustenta.
Desnuda-se a face.
Impera-se o sentido real.

E,
se face descoberta sendo farsa ou fantasia... não há tempo que a mantenha, nem novas máscaras... porque a face, uma vez descoberta, é face nua por toda a vida.

Talvez seja, em tempos atuais de conquistas, bens demasiados confusos,
mais difícil manter a originalidade à farsa,
mas ainda acredito na natureza que conspira a favor das verdadeiras
faces de um só lado.



Assim, Krystal.
Bem assim.