segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Abcissa de teu Tapete


Tapetes sob tua existência submissa,
Cobrem teus vitupérios oferecidos à razão,
Certeza variável no domínio da função,
Corpos despojados no leito de uma abcissa,
Erro da ciência exacta que teu desejo cobiça,
Incógnita convertida em seduzida possessão!

Varrem teu corpo para fincados corpetes,
Finas fitas de cetim asfixiam delicados tapetes,
Tez de seda tatuada por mil agulhas de morfina,
Pigmentação irreversível do desígnio providencial,
Ópio injectado em tua prostituída auto-estima,

Renúncia tua servida em orgíacos banquetes,
Oferta sacra dos sacrificados corpos sem ritual,
Enxofre ardendo em esverdeado pus celestial,
Envenenada neblina de tua Alma que por ti definha,
Varrida beleza tua, perdida em tua aura divina,
Vassouras de teu desejo por sexo ornamental,
Sapatos ricos atravessados por mil alfinetes,
Sobre o capacho de teu imerecer natural!

Entrelaçam-se incógnitas de teu lânguido olhar,
Estrangulando o frágil eixo de teus nagalhos,
Das pesadas paralelas que sobre ti juram amar,
Medindo distâncias no gráfico de teus atalhos,
Encontros calculados em pontos de teus retalhos,
Fragmentos levantados em lágrimas de teu chorar,
Imagem que se desvanece no perdão de teu pesar,
Exactos cálculos de tristeza traçada em enxovalhos,
Cálculos enganosos que por ti prometeram jurar,
Quadrantes escorridos de teus baços orvalhos!

Tapete voador por teu corpo alado,
Asas de teus gémeos corações que por ti voam,
Anátemas descoloridos que teu sofrimento entoam,
Perseguindo o futuro que passou de teu esquecido passado,
Na geometria perfeita de um invisível círculo fechado,
Calculada perfeição que sentimentos magoam!

Estendido teu corpo abandonado,
Tapete gasto por incógnitas que nele se limparam,
É uma equação repetida e gasta pelo coeficiente ignorado
!
*
***
*

7 comentários:

Teresa Alves disse...

DiVersidades...

DiVerso e


adversidades de sentimentos que à razão do poema, o Poeta se espelha, destece emoções e faz da eucinesia um atentado ao pudor.

Emoções desidratadas... repletas de dor, de ausência e de morte... da reação química adsorvida em doses não homeopáticas, porque a morfina, entorpece a alma, mas também vicia...







@

Daniel Savio disse...

Cara, as vezes o amor nos faz passar o diabo, mas todas as vezes que o amor é verdadeiro vale muito a pena...

Fique com Deus, menino KrystalDiVerso.
Um abraço.

Nilson Barcelli disse...

Este poema é belíssimo, contém um sucessão impressionante de óptimas imagens poéticas. A densidade é tal que, com este conteúdo, eu faria uns 10 poemas, principalmente porque eu não sei escrever assim (não é o meu estilo, pois eu sou menos denso...).
Gostei do poema e tirei algumas ideias (ou técnicas) interessantes, que de resto não são novas na sua produção poética. Mas não sei até que ponto eu posso (ou sei) ser influenciado pelo seu estilo/estrutura.
Abraço.

Teresa Alves disse...

"A alma á invisível
um anjo é invisível
o vento é invisível
o pensamento é invisível
e no entanto
com delicadeza
se pode enxergar a alma
se pode adivinhar o anjo
se pode sentir o vento
e se pode mudar o mundo
com alguns pensamentos"
Roseana Murray - "O Manual da Delicadeza - de A a Z"





DiVerso,
do poema...
reagimos, reconsideramos e sobrevivemos... na verdade, resistimos!
bom fim de semana!





@

São disse...

Venho só para agradecer de coração as palavras simpáticas que me ofereceu nesta hora triste.

O João morreu em consequência de uma queda no chão, após ter levado dois murros, rebentando um aneurisma.


Parabens para seu filho de 16 anos e que seja felzi ao pé de quem ama.

Boa semana.

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

Passando por aqui, para lhe desejar um otimo final de semana.

Belo poema

Bjs

Andresa

abcissa(ndo) disse...

tapetes... estendidos tapetes... sonhos feitos, desfeitos medida sensatez de realidade...