sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Abraço Triste do Nosso Sofá


Colhidos no sofá,
No conforto em que nos amamos,
Provo fungos mágicos em ideias que cultivamos,
Cioso de minha certeza na certeza que não há,
Esfiapo alucinações num fiapo que sobrará,
Fio fino amarrado ás dúvidas que despojamos,
Visão alucinada dependente do que não se verá!

Crescem cogumelos em coleantes sofás mundanos,
Zig-zag envenenado entre nuvens de luz confusas,
Metamorfose psicadélica em raios de traições difusas,
Poeira que flutua na órbita de teu corpo celeste,
Arcada orbital tua de minhas ténues visões oclusas,
Formas de teu corpo que delas por mim se despe,
Amanita ressuscitante de vida que por ti se veste,
Conforto no aconchego fraco de vistas obtusas,
Alucinatório de improvisada cama agreste!

Aludas solarizadas em frascos de mil cores,
Nadam intermitentes em filtros de asas casuais,
Desaparecem no desencontro de mil neons brumais,
Afogados voos comprimidos na descompressão de mil amores,
Alucinando prólogos finais em assinados sofás pensadores,
Personalisando efeito vertiginosos no ciume dos sinais,
Singular refúgio acolhedor, analgésico de mil dores,
Susceptíveis trips de mordazes despeitos fatais!

Só, em nossa fria cama de triste solidão imensa,
Recolhes-te em concha de pérola solitária abandonada,
Implodes teus gritos silenciados por tua dor intensa,
Bebendo tuas lágrimas imerecidas de imerecidas ofensas,
Aumentando a certeza de minha sede de dúvida revoltada,
Me enchendo na fome de ti por tua ausência subordinada,
Imenso Amor aflitivo que teu Amor aflito não dispensa,
Exíguo conforto recostado no medo de tua sentença,
Minúsculo sofá nosso, noites frias de minha madrugada!

Lágrimas solarizadas sob copas de laminadas alucinações,
Filtros tingidores de nossa alma que novas cores abomina,
Procuram a brancura de lençóis que a clareza reanima,
Rasgando adrenalina míope de conseguidas ilusões,
Mistérios desvendados na consciência dos corações,
Irresistível tentação prismal que por ambos se aninha!

Lágrima triste que nosso choro não chora,
Escorre em nosso sofá negro que me recebe,
Análise deturpada afogando quem de si bebe,
Alaga tua almofada enchida com sonhos d´outrora,
Só não mancha os lençóis que nosso Amor vigora!

Quando pensares que um sofá é cama segura de acolhimento,
Capaz de apaziguar o venenoso cogumelo fodido que te devora,
Sentirás numa só noite a verdade de teu verdadeiro sentimento!

6 comentários:

Teresa Alves disse...

DiVerso o Poeta!

Em novos versos e rimas o Poeta nos conta uma história que pode não ser de amor, mas que é sobre o Amor.

O título do poema me lembra de quem tivesse dito que o melhor lugar do mundo para estarmos em paz, não é nossa casa, ou nossa cama, ou um quarto luxuoso de um hotel, mas sim, instalados entre os braços de alguém que nos fosse querido. Nos braços de um abraço concebido entre duas pessoas que se querem bem. E por hora, assim, mais uma vez o Poeta nos revela sua sensibilidade, onde a voz que conjuga os versos sai da alma, do fundo do coração, porque nenhum sofá, por mais confortável que possa ser, substitui os braços das pessoas que amamos, o "abraço" que acontece entre braços e corpos que se tocam na envolvência do amor maior.

O "Abraço" do "Sofá" é "Triste", mais triste porque se faz "Nosso". Mas na tinta escrita e nas linhas DiVersas pintadas pelo Poeta em belo se transforma, porque é na presença inconsolável de seus braços que o Amor é consolidado e toda sua magia é sentida. Aquele amor que resiste à ausência provisória de uma noite de solidão e às diferenças eventuais que surgem numa relação estável entre um homem e uma mulher, numa história de casal, de cumplicidade e intimidade, onde tais diferenças se tornam linhas de progresso e de encontros, de verdadeiras pontes de sentimentos sóbrios que unem, capacitam em melhorias e assim, se aprimoram, sempre em benefício de uma História de Amor que exige seu final feliz para que novos tempos e novos dias renasçam, nos braços do verdadeiro Amor.


Com licença,
para um afetuoso abraço que se faz em forma de agradecimento pela partilha de despertar descobertas.

Bom fim de semana.







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Carlos disse...

Está deprimente mesmo como tu gostas,triste,bem explicito assim como tudo mas tu ainda vais mais alem,.Fez lembrar o mes da baixa ...no sofa precisamente.Um Abrço

Graça disse...

Gosto do que escreves e, particularmente, como escreves.

Beijo

Nilson Barcelli disse...

Fico sempre impressionado com a quantidade de excelentes imagens poéticas que os teus poema contêm.
Para além do conteúdo e da forma como o explicas.
Daí que leia e relei cada poema teu.
Um abraço.

Teresa Alves disse...

DiVerso,

Deixando um abraço pelo fim-de-semana que se aproxima e aproveito para reforçar o comentário de Nilson Barcelli que tão bem nos lembrou da associação de seus poemas às "imagens poéticas". Afinal, é nos versos do Poeta que construímos imagens, cenas de uma vida, ou de uma história em determinado momento, seja pessoal ou não, que pelas mãos da poesia, nos conforta a alma, mediante a beleza de se faz.

Felicitações aos dois Poetas. Um por nos permitir sonhar, construir, idealizar, rever posições, se identificar e se for o caso, refazer o percurso. Ao outro por nos ajudar na definição da poesia, que sendo sentimento, é quase impossível de se nomear, porque simplesmente sentimos e sentindo... quase nada há de se acrescentar, por nós, Não-Poetas...

Bom fim-de-semana!





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Teresa Alves disse...

"Sentirás numa só noite a verdade de teu verdadeiro sentimento!"


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Diverso,


De alguns poemas, um verso dos mais lúcidos que já li em toda minha vida.







*Peço desculpas pelo tempo neste espaço, mas foi mesmo necessário.