sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

Sidéreos Olhares distantes



Pesado sob esperanças de tua memória apagada,
Caminhas absorto entre alheias memórias de nostalgia,

Levitas sereno no efeito monótono de uma rima forçada,
Adivinhando redundantes palavras de copiada monotonia,
Sendo tu, ponte atravessada sem fim de reiniciada melancolia,

Sobre teu sangue o qual corre inseparável da tristeza causada,
Pelo defeito distante de um rasgado sorriso à doce gargalhada,

Saboreias o primeiro momento petiz de teu desmemorizado dia,
Tão igual sabor amargo do adeus à tua infantil despedida adiada,
Tua primeira esperança em adoçado som de estranha harmonia!


Desenhas jardins celestes entre arco-íris de colorida felicidade,
Semeias colheitas de meigas flores crescendo no teu largo sorriso,
Convidando tristezas sem fim ás oferecidas tentações do paraíso,
Dócil flor forte de macieira adivinha de irrecusável docilidade,
Tão capaz de pintar frutos de esperança com cores de eternidade,
Na fantasia sidérea onde teu olhar ingénuo brilha de perdido siso,
Traduzindo surreal quadro admirável de improvável cumplicidade,
Sobre um insolente esboço casual de misterioso traço impreciso!

O frio solitário que aqueceu tua derradeira noite escondida,
Foi veste volúvel feita à grandeza ardente de tua alma despida,
Que por breves momentos de teu velho desejo ficou ausente,
Deslizando escondido sobre o gelo azul de um frio diferente,
Passiva solidão reversível onde tua vontade jaz adormecida,
Reverso derretido descongelando teu sentir premente!

Brilham agora tuas lágrimas, fora do tempo, amantes,
Como que sempre esperasse um impossível sinal fulgente,
O mesmo sinal que se esvai nas vias de possibilidades distantes!
*

16 comentários:

Teresa Alves disse...

Reverso em DiVerso poema, Poeta!

O Poeta que brinca com os versos e rimas, sugere na história, um passado presente, uma desilusão, alguma saudade, uma realidade, cruel, uma causa de um efeito DiVerso e um sentimento. Temos então um poema de uma vida.

Hoje, diferente de muitas vezes que por aqui dou descanso a minha alma, ao ser surpreendido pelo novo poema, numa curiosidade, diria poética, embora não tenha vínculo algum com a poesia, a não ser pela raiz de meus velhos galhos que se refrescam à sombra de quando em vez nesse lugar, movido pela intelectualidade do Poeta DiVerso, fui buscar na origem de cores, frutos e flores algo que denunciasse a essência de um poema tão sofrido e para minha surpresa, a história é bem mais complexa que minha limitada envolvência me permitiria.

Da imagem:
Numa imagem fria, um homem congelado aos braços cruzados de uma natureza quase morta, uma mulher em rosto sem rosto, um oceano, um sol sob muitas nuvens, um horizonte de um céu promissor onde um pássaro voa livremente, onde o Poeta observa em fidelidade atenta de seus "Sidéreos Olhares Distantes".

Das cores:
Suas tintas, em versos brancos e azuis nos despertam a atenção em um verso cor de lilás (violeta ou púrpura), que sendo o Poeta quem é, na verdade de um artista que concentra na magia de suas cores toda sua poesia e sabendo que essa cor simboliza "dignidade, devoção, piedade, sinceridade, espiritualidade, purificação e transformação", aliado à maçã que acompanha "o homem desde sua origem, com a imagem frequentemente relacionada com o proibido, o tentador, o pecado..." e sendo considerado pelo ponto de vista científico como um "pseudo-fruto" naquele seu "reverso", DiVerso nos propõe o parodoxo do verso, numa "pseudo-cumplicidade" evidenciada frente à compressão de desejos.
Aqui muita dor brota de uma nascente desfalecida, mascarada por uma ideologia de crédito na reciprocidade que nunca acontecera.
Existem dores e dores e nem toda dor é remediada. Assim como existem lágrimas e lágrimas.
O Poeta nos sinaliza uma lágrima "amante" dispersa de seu tempo, talvez precoce, talvez tardia, mas que quando reluz é decência de esperança.
Quem sabe promessa de felicidade, ainda que só e bastada em sua própria incompetência, mesmo que possibilitada pela distância que assegura a promoção de um encontro, desencontrado. Talvez... talvez.

Feito viajante que sou, feito intruso ao mundo sideral de "ilusões poéticas" onde a poesia DiVersa do Poeta se encontra em sua máxima sensibilidade e face à dramatização, peço perdão ao Poeta. Perdão. E saio em lamento silêncio, agradecido.

Votos de um bom fim de semana. O primeiro de um ano que seja 10 em Poemas DiVersos.













@
Há dias que a dor é mesmo um mal necessário.

Nilson Barcelli disse...

Magnífica poesia, como sempre muito ao seu estilo, bem característico.
Partilho muito do que disse o Epee, mas eu não o saberia dizer...
Caro amigo, bom fim de semana.
Abraço.

Unknown disse...

"Desenhas jardins celestes entre arco-íris de colorida felicidade"...

... Esta é a atitude correcta a tomar perante a desilusão, o desengano. Pena é que na maioria das vezes não tenhamos forças para dar esta volta no momento.

Bjs e votos de uma semana muito colorida :-)

Hanna disse...

Palavras...Palavras...Palavras...

E a certeza somente da dor de uma ausência...


Suadades!

poetaeusou . . . disse...

*
etéreo poema
versando,
diversos, reversos,
congelando memórias,
despidas de azul . . . frio,
,
abraço,
,
*

Teresa Alves disse...

Boa noite, DiVerso,


na expectativa de um novo olhar sob diVersos ângulos, a perspectiva de um "Vão Ausente", no espaço sideral, vácuo de desejos entre em rimas, onde o Poeta nos pinta um quadro de realidade, que mesmo abusando de cores sóbrias, por sua seriedade poética, é sugestivo de paixão.









__@----
Sob um novo "Sidéreo Olhar(es) distante(s).

Anónimo disse...

Krystal, a imagem não poderia ser mais apropriada ao poema. Um belo poema.

Andresa Ap. Varize de Araujo disse...

Ola
Como tem passado?
Espero que esteje tudo bem com vc e sua familia.

E aqui a saborear tal precioso poema, de vida, de possibilidade , da esperança

Bjs
Andresa

Alvaro Oliveira disse...

Venho agradecer sua visita e suas
palavras carinhosas no comentário em meu humilde canto.
Adorei seu lindo espaço, seu belo poema. Voltarei, para com mais tempo,ler e contemplar seus lindos poemas que vi apressadamente.

Um belo fim de semana lhe desejo.
Beijinhos

Alvaro

RENATA CORDEIRO disse...

Há 5 meses, declararam solenemente que a minha vida tinha chegado ao limite. Eu disse: não! O limite da minha vida é o meu desejo e o meu desejo de vida é ilimitado. Eu amo viver e vivo por amor*. Desde sempre, dou amor. Nem sempre recebo, já pronta para outro: os contratempos da vida me ensinaram*
Há 3 meses meu coração bate marcapassado e pulsa e ama e vive em êxtase. Os olhos já não são verdes, são negros. Sem luz enxergam um pouco. Maravilhoso* Ler com os dedos, também o é; para escrever, pouca luz basta e para amar é muito melhor sentir, tocar do que dizer. Embora ache que *Eu te amo* deva ser dito bem alto 300 mil vezes por dia. Quem sabe assim, outras palavras sejam banidas para sempre. Mais do que Palavras, são precisos Gestos*
Os meus desejos cristalizados nas minhas lágrimas verdes simplesmente se quebraram nas ondas do Desejo Mayor*

Krystal, se Há Vontade que fica cristalizada nas lágrimas, fora do tempo, amantes* Nade nesse mar*

Poema Admirável*

Muito obrigada.
Bom Fim de Semana.
Beijos abraços
Renata

Lil disse...

A Hora do cansaço

Carlos Drummond Andrade

As coisas que amamos,
as pessoas que amamos
são eternas até certo ponto.
Duram o infinito variável
no limite de nosso poder
de respirar a eternidade.

Pensá-las é pensar que não acabam nunca,
dar-lhes moldura de granito.
De outra matéria se tornam, absoluta,
numa outra (maior) realidade.

Começam a esmaecer quando nos cansamos,
e todos nos cansamos, por um ou outro itinerário,
de aspirar a resina do eterno.
Já não pretendemos que sejam imperecíveis.
Restituímos cada ser e coisa à condição precária,
rebaixamos o amor ao estado de utilidade.

Do sonho de eterno fica esse gozo acre
na boca ou na mente, sei lá, talvez no ar.


Por entre os dedos, o tempo se esvai, como areia numa empulheta...
Não nos apercebenos o quanto angustiante é ver esse tempo escorrendo diante de nossa impotência e inércia frente a vida...


Beijo-te, com saudade...

Anónimo disse...

____^^__--"Era só uma rosa, não lembro bem… se digo que curo, acreditas… se digo, salva-me, desvias… se fico, perco-te… nada… era só uma pétala, talvez."




Diverso,

vontades adormecidas que despertas em cada verso...
Bom passar aqui.



Abraço nesta manhã de sexta-feira.

Anónimo disse...

Krystal

Thomas Mann (1875/1955): "A felicidade do escritor é o pensamento que consegue transformar-se completamente em sentimento, é o sentimento que consegue transformar-se completamente em pensamento."

Uma coisa sem a outra não seria coisa alguma... nada poderia ser tão fiel ao gênero literário de KrystalDiVerso.




Bom fim-de-semana.

Desnuda disse...

Tudo já disseram. Fico com o encantamento dos belos versos.

Carinhoso beijo e ótimo fim de semana.

Teresa Alves disse...

Poeta DiVerso,

Desde o "Abraço Triste de Nosso Sofá" que o "Vão de Ausências Vãs" cantado sob a poesia muda de "Love Hurts" onde "O Fim do Tempo que Vem" se refez em "Sidéreos Olhares Distantes" que estamos aqui, adsorvidos em memórias de "abraço".s, na "desausência" do "love" em "fim" de "sidéreos" poemas...
A sonhar, a lembrar e reviver, de passados presentes, em presente de um tempo que não há de passar.












__@---- Boa primeira última semana do ano que promete ser 10.
E quanto ao trocadilho acima, perdão, não resisti.

Anónimo disse...

"Foi veste volúvel feita à grandeza ardente de tua alma despida,
Que por breves momentos de teu velho desejo ficou ausente"

Alma de desejos saciados... ainda que por breves momentos.

Belíssimo!