segunda-feira, 19 de julho de 2010

Pirografia nas Lacunas


Como uma cicatriz de Amor jurada no veio da ferida,
Jura omnipotente de um Amor por Amor embargado,
Silêncio consentido das marcas dum segredo amargado,
Que na silenciosa sombra rasgava a débil mágoa fendida,
Cicatrizando a dor quer por Amor era dor de si escondida,
Na aparente solidão escondida do mesmo Amor castigado!

Não podendo mostrar todo o Amor que pelo Sol sentia,
Mostrava-se vazia de Luz nos dias onde o Sol o escondia,
Despida de sua sombra rebelde que a tristeza costurou,
Com agulhas tristes do coração que enternecido serzia,
Incandescendo silêncios que o Destino na alma ponteou,
Picotando o anelar sem dedal que desprotegido sangrou,
Trespassado pela agulha distante que o sangue expungia,
Escorrendo-o sobre a tesoura que sua felicidade cortou!

Sabendo mostrar o segredo que por Amor sentia,
Resguardando-se numa reserva de paz melancólica,
Comemorava cada momento com felicidade simbólica,
Não deixando que Amor mentido soubesse que mentia,
Ao revelar o Amor de gradadas noites pela Luz do seu dia,
Luz celestial possuída pelo desejo de uma paixão diabólica!

No desencontro das horas pirogravava breves momentos,
Queimando a carne com instantes de tórridos sentimentos,
Delineando contornos na injustiça de incendiadas lacunas,
Cinzas de omissões desfragmentadas em vários elementos,
Separados entre si à distância aprazível de mãos oportunas,
Que gravando cornucópias triunfantes de humanas fortunas,
Cicatrizam doces emendas distantes com poéticos segmentos,
Incendiando de liberdade a loucura de secretos movimentos!

Agulhas incandescentes flutuam sobre oceanos de salvação,
Gravam águas salgadas com a fervura de um Amor impossível,
Salvando prazeres que emergem da profunda distância sensível,
Pelas lágrimas que se afogam entre o sal que queima de sedução,
Ateando o fogo que aceita no frio insensível do prazer em negação,
Desencontrado das horas onde a diferença é igualdade compatível!

Porque a agulha que atravessa o coração é incandescente,
Ainda que a desigualdade pareça o frio de uma Luz mais visível,
Complementam-se nas semelhanças das verdades de quem mente!

6 comentários:

Teresa Alves disse...

Julho de 2010.
DiVerso quebra o silêncio, inspira-se em fogo, queima a pele e cerze em fendas o Amor que não [coM]sentido, nega.

"Pirografia das Lacunas" é outro poema de Amor que DiVerso não escreveu, mas que não deixa de ser sobre o Amor. É DiVerso em versos e rimas, no uniVerso de um clima gélido, embora verão e é Krystal nos versos que segredam a doçura do amor na poesia que rima com 'dor'.

No tecido [sentido], a agulha entre linhas azuis e vermelhas, o desejo, o desencontro, o sol que se esconde... as muitas mentiras e a verdade da lesão que não favorece a cicatriz no amor que não acontece.

Na ferida aberta, exsudatos de Razão, justificam-se.

No fim da linha, ou da meada, na "felicidade simbólica" lê-se no [Verso] de DiVerso:

“Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer...” [Camões]




|@
Um Amor que não arde, que não dói [Verso]... Benditas águas!

Jaime Latino Ferreira disse...

KrystalDiVerso


António Pina

Meu Caro,

Ah ... mudou-lhe a fotografia!

Ainda não tinha deixado nenhum comentário, porque, confesso-Lhe e talvez por estar muito absorvido não vá ao meu fio, perder-lhe as pontas, certo é que, na sua densidade, a sua poética é difícil de mastigar ...

Não vem daí mal ao mundo, um grande abraço


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 20 de Julho de 2010

Teresa Alves disse...

"Fire.Poema":

Entre o fogo, alguns elementos são preservados, enquanto o coração de [cri]stal emerge e resguarda em si [ao redor de si] todo calor que, ainda que não queime, arde.

É DiVerso, em imagem poética, remendando seu tecido com linhas que incendeiam e preenchendo 'Lacunas' à 'Pirografia'.




|@
Boa semana.

poetaeusou . . . disse...

*
o poder do fogo,
num texto sem lacunas !
,
saudações,
ficam,
*

Anónimo disse...

Meu caro Cristal!

Qualquer loura que se preze adora ser o prato principal de uma boa iguaria cultural.

Um abraço que eu vou de férias


Filomena

Ah, Claro que gosto dos seus espaços virtuais, não tenho é grande paciência para comentários.

Coisas de louras

Graça disse...

Já tinha saudades de te ler. Porque gosto desta tua forma de escrita... só o título já dava um tratado poético!


Beijo para o teu fim de semana.