Aquela Pedrinha,
Ali sempre quietinha,
Nunca se queixava;
Batia-lhe, batia-lhe,
E não pestanejava,
Doía-lhe, doía-lhe,
E ali ficava!
*
No regresso de cada tainada,
Presságio e arrepio do que não pedira,
O monstro desaustinado bêbado de ira,
Corria a Pedrinha à pedrada,
E por cada uma que lhe calhava,
Entumecia pelo ciume que o impelira!
*
Depois, com o remorso vinha a covardia,
Fugia o covarde para bem longe da Pedrinha,
Esquecia a justiça que na pedra merecia,
Mas não a pequena pedra mansinha!
*
Num dia cinzento a Pedrinha quis fugir,
Mas não tendo amigos para onde ir,
Ali ficou!...
À espera de quem a castigou,
À espera de mais um castigo;
Sabendo o que estava para vir,
Esperou por seu dono inimigo,
Que lhe bateu até quase a partir,
Mas a Pedrinha não se queixou,
E ali ficou!...
*
Num Inverno em que sol não havia,
Sentiu que tudo mudava;
A Pedrinha que antes sofria,
E pelo castigo aguardava,
Agora já não aguentava,
Ali sempre quietinha,
Nunca se queixava;
Batia-lhe, batia-lhe,
E não pestanejava,
Doía-lhe, doía-lhe,
E ali ficava!
*
No regresso de cada tainada,
Presságio e arrepio do que não pedira,
O monstro desaustinado bêbado de ira,
Corria a Pedrinha à pedrada,
E por cada uma que lhe calhava,
Entumecia pelo ciume que o impelira!
*
Depois, com o remorso vinha a covardia,
Fugia o covarde para bem longe da Pedrinha,
Esquecia a justiça que na pedra merecia,
Mas não a pequena pedra mansinha!
*
Num dia cinzento a Pedrinha quis fugir,
Mas não tendo amigos para onde ir,
Ali ficou!...
À espera de quem a castigou,
À espera de mais um castigo;
Sabendo o que estava para vir,
Esperou por seu dono inimigo,
Que lhe bateu até quase a partir,
Mas a Pedrinha não se queixou,
E ali ficou!...
*
Num Inverno em que sol não havia,
Sentiu que tudo mudava;
A Pedrinha que antes sofria,
E pelo castigo aguardava,
Agora já não aguentava,
Veio mais um que a possuía,
Mais um que o sofrimento não via,
Se um a magoava,
O outro lhe batia!
*
Apostavam ambos a Pedrinha,
Naquele cruel jogo da vida,
Todos desejavam sua beleza de rainha,
Beleza dela mesma escondida;
Ora a perdiam,
Ora a ganhavam,
Ora a agrediam,
Ora a beijavam;
Se uns a maltratavam,
Todos dela riam,
Outros porrada lhe davam!
Se um a magoava,
O outro lhe batia!
*
Apostavam ambos a Pedrinha,
Naquele cruel jogo da vida,
Todos desejavam sua beleza de rainha,
Beleza dela mesma escondida;
Ora a perdiam,
Ora a ganhavam,
Ora a agrediam,
Ora a beijavam;
Se uns a maltratavam,
Todos dela riam,
Outros porrada lhe davam!
*
No fim de um Inverno,
A Pedrinha desapareceu,
Uns dizem que morreu;
Para a Pedrinha de olhar terno,
Acabara uma vida de Inferno!
A Pedrinha desapareceu,
Uns dizem que morreu;
Para a Pedrinha de olhar terno,
Acabara uma vida de Inferno!
Ninguém sabe o que aconteceu,
Àquela Pedrinha que nunca viveu!
15 comentários:
Kristal,
porque sou domesticada e porque
sou pedrinha...
mas pedrinha de mim,
viva, ainda,
pulsa e embala.
e espera...
Boa noite.
quantas pedrinhas não soltam lágrimas doridas por esse mundo fora...
dizer-te também do meu livro...In-finitos sentires que vão ser desenhados em papel. O lançamento é no próximo dia 27 de Junho, às 16 horas na Biblioteca de Valongo (Porto)...aparece se puderes
beijo
Kristal,
de pedrinhas em pedrinhas, como alguém disse (Augusto Cury?) ainda construo um castelo!
Bom domingo
!!
Kristal,
Meu desafio reside em encontrar no mundo virtual o tanto da mulher que sou,
no meu mundo real.
Ainda que seja ridicularizada, ou criticada...
e daí??
eu quero dar a cara ao tapa, pagar pra ver,
se não arrisco, como saber?
E faço de minha paixão ( porque ela existe e resiste! ) meu motivo maior pra me manter viva!
"Ainda me tranco no quarto, costuro minha boca, corto meus dedos.
Ainda sonho com você e quero ver quem vai me proibir!
Por aqui buscando, por aqui descartando o sentido
óbvio das palavras que não me comprometam."
Vc passou e deixou suas pegadas...
também deixou no ar o cheiro daquilo que eu camuflava...
E se isso é bom?
Só assim,
só assim é que nos despimos do manto da hipocrisia, da mesquiharia e fazemos do encontro
a razão de se viver,
e lutar, amar, dar
e por que não?
Também receber!!!
Nesta semana,
em especial nesta segunda-feira 15 de junho de 2009,
sinta-se acolhido em minha realidade, que de admirável, talvez não haja muito...
Abraços.
*
uma pedra no charco
a tua pedrinha . . .
,
saudações,
,
*
Há pedras mais preciosas do que outras.
Um abraço,
Clo
Olá Krystal
essa pedrinha inspirou um poema com muito ritmo.
quando ouvia a música de cada sílaba.
mas a pedrinha não morreu simplesmente se transformou em outra coisa qualquer
grata pela visita
~universosquestionáveis~
Kristal,
essa pedrinha às vezes somos nós, que andamos ao sabor da vida, vivendo sem viver, enfrentado obstáculos sem os ultrapassar....
... essa pedrinha posso ser eu, pode ser que assim se sinta.... um brinquedo na mão de outrém....
Fantástico.
Serenos sorrisos
E quantas pedras há por aí... e nós também não escapamos às pedradas que algumas vezes chovem sobre nós.
És um poeta diferente, já o disse. E, por isso, nunca é fastidioso ler-te.
Este poema é simplesmente soberbo. Parabéns.
Abraço.
Kristal,
catando pedrinhas...
Beijos!
Krystal,
Porque as "ervilhas" existem...
E porque nosso riso fácil, e a disposição para a vida pode ser sim, motivo de julgamentos errôneos...
Erramos e pagamos o preço pela eterna crença na humanidade...
Mas acertamos, muitas vezes, ao encontrar pessoas, pessoas que enxuga nossas lágrimas, que nos acolhe, nos anima, nos acalenta, e nos coloca no colo, quando nossas pernas fraquejam...
Pessoas que nos mostra a diferença entre uma ervilha e um ser humano...
Obrigada, vc com seu comentário, torna meu dia mais ameno...
Vc, com suas palavras, me mostra que existem pessoas, com as quais vale a pena caminhar lada a lado...
Beijos e um bom dia para vc!
Com certeza a vida invivida dessa pedrinha é a vida de muita gente. Abraço.
Belo poema;
Belas palavras;
Grande lição;
Desventuras escritas em versos;
Um retrato marcado da vida;
De pessoas, anônimas, mas que tem coração.
Abraço.
^^
custei a admitir que a pedrinha
tinha se transformado num
calo no meu pé
com abraço
Gostei.
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