sábado, 11 de julho de 2009

Veredas da Solidão


Meu frémito de teu não indiferente,
Ruiu esperanças pela tua recusa,
Aludindo o poder de ténue e fingida musa,
Não disfarça bonomia complacente,

Para com minha incauta traição indecente,
Que a teu pedido de ti abusa!

Acolhes todos os lastimosos madrigais,
Lástimas flutuantes onde tu és âncora servil,
Jogada à sorte de nefastos e rasos cais,
Servidão resignada nos ancoradouros habituais,

Hábito contagiado por envergonhado argumento vil,
Cismas que cismam nos floreados de um ardil,
Palavras que se afogam em saliva de mil jograis!

Tropeçam histriões em beijos de doce fel,
Curvam-se ignaros à luz de apagadas luminárias,

Lamparinas que iluminam provas de amargo mel,
Poemas fingidos de falso menestrel,
Sombras que escondem escorraçados párias,
Sendo de si sombras em sombras várias,
Feras indomáveis em obnóxios tigres de papel!

Semântica das virgindades que se repetem,
Idiolatria dos mofinos sem adoração,
Perdidos hímans rompidos que se intrometem,
Esperando que milagrosos hífens os completem,

Entre a esperança do pecado e a contrição,
Seduzindo corações de Deus em sua confissão!

Aguarda o silêncio do outro lado impassível,
Fechado na idiólatra prisão que do avesso te virou,

Palavras convenientes são tudo que restou,
Oferecendo cada visita indiferente dor insensível,
Em certezas de Liberdade certa falível,

Ainda que voem com as asas de quem voou,
Sentirá no osso a dor daquele que tombou!

Pelas veredas onde com a solidão caminhas,

Esse caminho mais curto que alguém te mostrou,
É percurso sem saída que tu não adivinhas!

18 comentários:

Ƭ. disse...

Kristal,

quando li em "ses de mim" o que vc deixou
e que, tão sensivelmente,
transformou em "ses" de Teresa
e brincando com as palavras, fez
versos e rimas... e deixou aquilo com jeito e gosto de poesia, coisa
que não sei fazer,
porque quando conjugo o verbo "sentir",
não busco as palavras,
elas me encontram... e faço disso meu pecado, tenho consciência,
mas um pecado que me redime, porque quando dou voz à palavra
me liberto... e precio me sentir
inteiramente livre!

E de Madre Tereza de Calcutá,
que fez da vida uma bênção de
doação, e
nos deixou sua história de vida num
amor que não se limita a esteriótipos ou preconceitos de qualquer natureza que seja
e que,
numa dessas tantas demonstrações, nos mostra o quanto é milagroso o amor...

"O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso."

Neste instante, onde não me ocorre
outra coisa,
senão agradecer a estima, a consideração
e carinho pela lembrança (talvez) que correria do dia-a-dia e abstraída em função de um trabalho estressante e exigente por demasiado,

deixo uma forte abraço em seu coração.

Ƭ. disse...

Kristal,

ao tentarmos retringir o caminho,
limitamos-nos em transformá-los em atalhos?
mas e se, ao expandi-lo,
o tornamos uma
estrada?

o que seria como definição,
caminho, atalho, estrada?
se sentido?
nenhum!!

de sentido o percurso.
de sentido a caminhada.
de sentido, minhas escolhas.
de sentido, meu sentir, meu querer de bem ou mal,
e de sentido,
meu compromisso.
de sentido, minhas responsabilidades pelas escolhas
que faço.


neste domingo...

abraços.

Graça disse...

Obrigada pela passagem no meu "palco".

Aqui, terei de voltar com tempo... esta tua poesia merece leitura atenta...

Escolhi o beijo :)

Bom resto de Domingo.

Ava disse...

Podemos até buscar o que comentar, o que dizer, o que falar...

Mas chegar ao âmago da questão é mais complicado que parece...

Porque florear é fácil...
E as palavras fluem numa cascata de falsos enganos... Mas olhos atentos estão a espreita do que podemos chamar de fantamas cibernéticos...
Um vagar por labirintos estreitos, onde os camihos nem sempre são os da razão, e muito menos de uma sincera intenção.
Almas dominadas por sentimentos vis, intenções pútridas, sentimentos hipócritas, buscam na escuridão do desconhecido, caminhos para se perder...

Não existe saida quando tomamos o caminho errado...


Beijos!

Cantodomeucordel disse...

A um só tempo forte e emocionante, poema para ser lido com o coração completamente livre, a voar.

Poético abraço.

http://gilbamar-poesiasecronicas.blogspot.com/

Luna disse...

Por vezes os caminhos estão vedados ao olhar,as incruzilhadas levam muitas vezes a optar pelos atalhos
Beijo

Nilson Barcelli disse...

Mais um excelente poema, onde as imagens poéticas se sucedem a um ritmo impressionante.
"Ainda que voem com as asas de quem voou,
Sentirá no osso a dor daquele que tombou!"
Destaquei esta parte, que gostei imenso, apenas como um mero exemplo.
Parabéns pela tua criatividade.
Boa semana, abraço.

Inês disse...

Como as suas palavras me lavam a alma!

Sabe bem chegar, abrir a porta, sentar-me e deliciar-me com o brilho de cada frase, de cada palavra, de cada letra... sempre tão bem escolhida!

Obrigada pela meiguice!

Beijo-o como merece!

Anónimo disse...

K,

cá estamos...
em avessos revirados, em luz de sol,
sem sombras
completamente expostos

se a vida é certeza,
hímens são rompidos
e dilacerados a cada amanhecer

assim
com abraços

Daniel Cristal disse...

Obrigado pela visita ao meu Blogue. É sempre com prazer que leio o seu, como acontece nesta hora, e um Bom-dia todos os dias para si e para vós,
DC

MEUS POEMAS disse...

Amo ler seus textos, são muito lindos, parabéns escritora!
Quero tb agradecer sua visita e comentário em minha casa, myuito obrigada mesmo!
Bjs da Gena

Carla disse...

pelas veredas das tuas palavras naveguei para tornar a solidão um espinho esuqecido
gostei...muito
beijo

Pena disse...

Simpática Amiga:
Um belo e delicioso poema de inconformismo, mas de uma beleza e pureza imensas de si e do seu sentir.
Jamais encontrará em si a solidão.
Também ela não magoa, faz reflectir, pensar, sentirmo-nos introspectivos e de uma pessoalidade que tudo abarca no sonho de nós próprios.
Excelente. Um versejar terno, lindo e admirável.
Fantástico. Adorei. Possui uma Alma de fazer versos, extraordinária e pura.
Bem-Haja, pela sua amizade.
Com respeito imenso.
Sempre a estimá-la e a considerá-la

pena

Linda...!

Ava disse...

Amigo querido...

Passando para ler... reler... tentar entender...

Seus poemas tem uma carga muito forte de emoção. Ao final de cada um deles, me sinto exaurida... Como se me sentisse tomada por eles... Suas palavras vão cortando, rasgando a carne e deixando sangrar o coração...


Uma amiga de um blog, escreveu sobre ser visceral...
É assim que sou... não saberia passar por aqui e "correr os olhos" sobre seus escritos...
Eu gosto de mergulhar no que leio... posso não absorver toda a essência, mas sempre saio encharcada...

Bem, assim sou eu... em toda as minhas incoerências de sentimentos... rs


Beijos e carinhos!

Pena disse...

Talentoso Amigo:
Desculpe, só me apercebi agora que era do sexo masculino.
Desculpe-me o comentário e a atribuição despropositada, que se exige e é grave.
Desculpe-me e, POR FAVOR, ponha tudo o que disse no masculino.
Desculpe.

Abraço bem forte de respeito, estima e consideração..
Com admiração...

pena

Creia que estou aflito pelo erro grave.
De novo: DESCULPE, brilhante e extraordinário amigo!

AnaMar (pseudónimo) disse...

De passagem rápida para um beijo de saudade.
Passarei com mais tempo...Quando regressar de vez.

Isabel José António disse...

Caro Amigo Krystal,

Ver e olhar são coisas diferentes.

Um tenta ir ao âmago daquilo que É. Olhar é aquilo que se costuma chamar "passar uma vista de olhos".

Daí as indecisões entre sguir por caminhos ou atalhos e/ou, ainda, abrir uma caminhoi novo numa terra que não tenha caminhos. É assim entre as partículas, as pessoas (formadas por biliões de partículas) e o Cosmos.

Aplicando às relações entre as pessoas, se não existe o necessário discernimento, acontece o que o amigo tão bem descreve no seu poema.

Muitos parabéns por tão inspirado poema.

Um grande abraço

José António

Lumenamena disse...

Agradeço a tua visita e, aqui estou a deliciar-me com os teus versos.
Vejo e sinto que a tua arte de escrever, principalmente quando transformas o sentido de cada palavra, para embelezar a leitura aprofundada.

Um grande abraço~,
Lumenamena