quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Fogo de Árvores ao Vento



Todas as Árvores do mundo de todos os montes mais altos,
Amantes do vento que todas as árvores, sem ciúmes, amava,
Murmuravam nervosas histórias de medo que o vento soprava,
Falando da morte de todas as florestas em todos os planaltos,
E da respiração dos homens queimada em inumanos assaltos,
Perpetrados por um assassino que o próprio filho matava!

Árvores, por breves momentos de luto, em agonia,
Entre brumas de traição e o inferno que as consumia,
Choraram lágrimas de cinza ao ver seu amante, o vento,
Impelindo o amor transformado numa infernal ventania,
Daquele amante que pelo amor de suas amantes sedento,
Continuava a amá-las tanto quanto era do fogo o sustento,
Sem compreender que por tanto amor, ambos destruiria!

Há um código gravado numa misteriosa linguagem à parte,
Que o post-scriptum da NASA só induz aos públicos ladrões,
Descodifica a imortalidade no frio sem escrúpulos de Marte,
Conservando os genes intactos para escolhidas ressurreições,
Àqueles que destruírem planetas azuis e seus verdes pulmões,
Com a garantia de seus crimes serem exemplo da mais bela arte!

Depósitos inflamáveis de comerciais intentos mesquinhos,
Trespassam a feição dos ventos que rasgam céus queimados,
Há inocentes penas brancas de breve luto que pairam sobre ninhos,
E metáforas negras serrando veios nos anéis de valiosos pinhos,
Com fumo negro da energia renovada entre fogos cruzados,
Que assinam de cruz secretos contratos de olhos fechados,
Sobre rescaldos recortados no tição dos caminhos!

Por todas as árvores do mundo,
Há mundos estranhos de ventoinhas,
Cobrindo altos montes de um vazio profundo,
Despojados de seu respirar fecundo;
Fala-se de mágicas varinhas,
Com poderes nobres de rainhas,
Mas são os reis de poder rotundo,
Donos do voo das andorinhas!...

Há cada vez mais Primaveras de luto intenso,
Há ventos nascidos, assim, para ser amantes,
Oferecendo sopros de carinhos estonteantes,
Às árvores nos altos montes e ao contra-senso,
Das ventoinhas substituintes do arvoredo imenso,
Que fora amado pelo vento em todos os instantes!

*

4 comentários:

Teresa Alves disse...

Fogo!

DiVerso pinta de vermelho a tela de Krystal com poema de “Fogo de Árvores ao Vento”. Recria a realidade por meio de versos da construção imaginária, compõe imagens, conta o amor, sempre ele, e conjuga na subjetividade vestígios de uma sociedade onde todos nós estamos inseridos.

Assim se faz a ARte-DiVersa.

Podemos ser ‘árvores’ umas vezes. Outras vezes, ventos, ou ventoinhas. E [ou] ainda instrumentos de queimadas criminais. Em algum lugar nos encontramos e trazemos alguns versos às margens de nossas próprias experiências. Mas é a sensibilidade de Krystal quem favorece o encontro, nos ‘contos-histórias’ de poemas de temáticas variadas, o homem e a mulher, o encontro, o desencontro e na sabedoria de como os escrever ["Há ventos nascidos, assim, para ser amantes"] e, através da sua realidade, vivida ou simplesmente conhecida e imaginária, que DiVerso nos alcança. É como ser poeta de ‘muitas vozes’. Às vezes, entre versos combinados, o dedo em riste, não em sinal de acusação, mas de lembrança, de questionamento, da consciência íntima de ‘quem sou e de como estou me comportando’, porque a ‘voz’ parte sempre da premissa de uma realidade e contra ela nada podemos fazer, a não ser aceitá-la ou aceitá-la.




!@

Teresa Alves disse...

Um belo poema de amor e de dor, que quase dói, quase.

Teresa Alves disse...

Pela edição da 'tela', não posso deixar de registrar a sensação de paz que KrystalDiVerso irradia. Adsorvê-lo é realmente um prazer, DiVerso.




¬@
Bom fim de semana.

poetaeusou . . . disse...

*
vento do fogo,
cigarro de ramos,
os pulmões da Terra,
queimando, queimando . . .
,
saudações,
ficam,
,
*