sexta-feira, 8 de outubro de 2010

A Revolta das Migalhas



Vamos juntar nossas migalhas,
Que os senhores de nosso Destino pisaram,
Vamos abraçar a dança da chuva que eles nunca dançaram,
Voltar a amassar o pão para cozer nas quentes fornalhas,
Com o frio da fome que gelou as perdidas batalhas,
E dar-lhes a provar o Destino que nos traçaram,
Roubando dignidades, até, esses canalhas!

Vamos ensinar a essa canalhada,
Com quantas letras se escreve a fome,
Vamos mostrar-lhes como é que se come,
A miola que pelo desprezo deles foi esmagada,
Matando a fome à fome com mais fome alimentada,
Gritemos o significado da palavra que no dicionário se some,
Empanturrando-os com o significado do seu verdadeiro nome!

Vamos mostrar a verdade a esses gordos gatunos descarados,
Todas as variações das cores pálidas da verdadeira pobreza,
Vamos misturar essas cores com a cor rosada da riqueza,
E descobrir as novas cores que nos murais ilustrados,
Fixarão corajosos quadros pela igualdade pintados,
Com suaves processos limpos por honesta firmeza,
Que nas lições da fome foram ensinados!

Pais desesperados, ao diabo gratos,
Rezam pelo fim dos gatos decepados,
E das lebres pardas que miam nos pratos;
...

Uma pobre sagrada família de créditos firmados,
Foi publicamente acusada pelo seu gato, de maus tratos,
Entretanto, as lebres passeiam lá longe, dos olhos esfomeados!

...

Vamos juntar nossas Migalhas,
E matar a Fome a esses canalhas

*

4 comentários:

Helena Figueiredo disse...

Gostei muito desta forma de dizer.
Falar com tanta mestria, de um tema tão sério e actual, merece os meus parabéns.
Saudações
Helena

Teresa Alves disse...

Na criação poética, DiVerso, com "A Revolta das Migalhas" faz do lixo social, sua matéria-prima.

Entre os muitos versos, "Com quantas letras se escreve a fome" descreve com perfeição a realidade, não de um país, mas de toda humanidade. Não sacia o apetite, mas provoca a fome com "Gritemos o significado".

KrystalDiVerso, há alguns meses, no compromisso com a realidade social, escreve poemas na denúncia de um país, cujos governantes são, no mínimo, corruptos. Os versos, que às vezes choram miséria, injustiça, fome e desigualdade social, ganham, pela responsabilidade, beleza.

São temas complexos, não apenas porque retratam sua cultura e o momento histórico e político de seu país, mas principalmente porque envolvem a classe mais desfavorecida e nela, todo seu sofrimento.

Há quem denuncie. Há quem se denuncie. E há quem faça da denúncia uma causa ["Vamos mostrar-lhes como é que se come"].

Os que se mostram, porém, são raros.

O uniVerso de DiVerso tem identidade. Há um rosto, e nele, os traços de sua personalidade.

E não há restrição da arte diVersa e da força usada ao bater em quem merece apanhar.

Porque há razão.





Bom fim de semana, DiVerso.

Teresa Alves disse...

'Por um pedaço de pão'

Não é fácil fazer poesia com o 'estômago' dos outros.

Ao mesmo tempo se torna tão fácil... pelo olhar sensível que tudo vendo, sente e sentindo, desenha sentidos e sentimentos diVersos.

E o que dói, de repente se transforma em esperança.




poetaeusou . . . disse...

*
amigo
estou contigo !!!
,
abraço,
,
*