terça-feira, 24 de março de 2009

Abetos Assassinados

Doeu a alma ver assassinado,
Seu irmão, companheiro fiel,
Amigo puro de todos os momentos,

Cumpridor assíduo de seu digno papel,
Onde homenzinhos parecem excrementos,
De um povo ingratamente atraiçoado!
Agora, poucos anos passados,
Voltou o homenzinho,
Dos Abetos assassinados!


Bastou um autógrafo macabro,
Num papel de gabinete escrevinhado,
Por um cúmplice monstro profano,
E igual outro monstro desalmado,
Ávido de mortal desejo insano,
Deu início ao funesto descalabro,


Trajando celulose de vaidade e ganância,
Filho do desprezo substituído pelo poder,
Memória fria ausente de infância,

Olfacto incapaz de emocional fragrância,
Petiz manhoso nascido para corromper,
O mesmo petiz que não chegou a crescer,
Fazendo-se homem de maldoso petiz,
Náusea política de educação infeliz,
Mal educado de incorrecto parecer,
Fruto d’uma árvore de oportunista raiz!


Agora, poucos anos passados,
Voltou o homenzinho,
Dos Abetos assassinados!

Voo rasante do gemido de um violino,

Voz de abeto que os génios veneram,
Respeito sensato em tampo fino,
Arte consagrada que os Deuses fizeram,
Escondida daqueles que não a quiseram,
Optando pela ignorância como destino!

Florescem coloridos Abetos em revolta,
Acolhendo pólen de amor à solta,
Exalam fragrâncias de Eros enamorado,
Afrodite irresistível em pólen envolta,

Acariciam-se abetos de aconchego perfumado;
Escorre seiva pelo abeto que geme,
Prazer verde que a natureza não teme,
Abeto feliz em terra fértil germinado!


Polinizando o homenzinho que dormindo,
Com desbragado sexo no pensamento,
Acordou mijado de seiva, sorrindo!...

Espreguiçou-se na preguiça de seu leito,
E desmaiou ao vislumbrar seu polex direito,
Dedo de salsa ao lado de outros quatro raminhos,
Duas verdes pinhas sem férteis sementes,
Tentou ajeitar seu pensamento contrafeito,
Mas para além da coroa de agrestes azevinhos,
Suas pernas de abeto estavam diferentes,

Escorrendo seiva de cortados ramos rentes,
Gritou na floresta o lamento dos coitadinhos,
Murmúrio silencioso dos arbustos miudinhos!


Agora, poucos dias passados,
Voltou outro homenzinho,
Dos Abetos assassinados!


Aquele que fora homenzinho voltou a desfalecer,
Desesperando ao confirmar o polegar raminho de salsa,
Já espigando daquele seu dedo difícil de ver,
Mais quatro raminhos da mesma mão,
Na esquerda mais cinco raminhos de mão falsa,

Algures no tronco de abeto batia seu coração!

Agora, poucos minutos passados,
Acordou um novo homem,
Não esquecendo os Abetos assassinados!
Agora, poucos anos passados,
Voltou o homenzinho,
Dos Abetos assassinados!

A Natureza de tanta dor em sofrimento,
Decidiu acabar com tamanho tormento,
De ver mais um abeto assassinado!

3 comentários:

Carla disse...

porque não se deve esquecer...só assim a vida pode vencer
beijos e gostei muito de ler

LUZIMAR disse...

Perfeita descrição, estou até agora a pensar em tão lindo texto.
Em tão profunda estoria.

Beijos no coração e obrigada pela visita.

Daniel Savio disse...

Estranhamente me lembrou um pouco da queda da realeza da frança no periodo da revolução e no final me lembrou do Lula...

Fique com Deus, menino.
Um abraço.