Onde está o pão prometido?
Nos bolsos virados do avesso escasseiam as migalhas,
Restos da grande broa bem à vista no bandulho da cultura,
Gorda revolução doutorada de Abril vencedora de mil batalhas,
Até estiveram presos, coitados, mártires da ditadura!...
Quem dá mais pelo registo de sua falsa prisão e tortura?
Querem melhor símbolo de patriotismo com castigo?
Onde está o pão prometido?
Os advogados prometeram transformar cravos em pão de fartura,
Empanturrando a ignorância com estrangeiro pão fresquinho da fornalha,
Só faltava a televisão conveniente e a imprensa que ao poder não falha,
Mas depressa se arranjaram abraços entre a autoridade e a ternura,
E das diferentes ideologias extremas nasceram golpes de cintura,
Porque o ouro bem guardado seria prémio vitalício da batalha,
E como a ração é de quem a come e não de quem a talha,
Aqui temos um Portugal de heróis mórbidos de gordura,
Enquanto o Povo definha por esta história de canalha!
Onde está o Pão prometido?
Mais de trinta anos de filhos e enteados,
Governando por sucessão,
Bem seguros pela força da Social comunicação,
Ao serviço dos desejos sagrados,
No regime dos prosélitos apoiados,
Porque o que interessa é lembrar o regime antigo,
Continuando a prometer o pão prometido,
Nem que seja em versos por desertores versados,
Como tantos outros à mentira de um passado poupados!
Onde está o Portugal que nos prometeram?
Na pança daqueles que a carne do povo comeram,
Ou nos bolsos dos mesmos forrados com o ouro do ditador inimigo,
O mesmo que lhes justificou o abrigo,
No palácios oficiais provando a história que não o mereceram?...
Hei, grandes heróis que os carneiros elegeram,
Onde está o pão prometido?
Foi este 25 de Abril que nasceu para salvar Portugal,
Ou apenas serviu para engordar estes doutos senhores?!...
Os mesmos justiceiros heróis que o País devia levar a tribunal,
Por serem pais da democracia prostituída que pariu tais estupores?!...
Hei, onde está a igualdade prometida,
Neste Portugal de Justiça falida?
Sim, ó gordo ladrão, falo contigo:
-Onde está o Pão prometido?
Hei, onde está a igualdade prometida,
Neste Portugal de Justiça falida?
Sim, ó gordo ladrão, falo contigo:
-Onde está o Pão prometido?
7 comentários:
No Brasil de Tiradentes como mártir da Inconfidência Mineira em 21 de abril, o universo de Di[V]erso em Portugal já anuncia 1º de maio.
Conta em azul e vermelho um poema, que 'não sendo de amor', não deixa de ser sobre o amor, combina versos entre a extrema miséria e a opulência política e desenha Karl Marx e Sócrates.
Temos no palco de DiVersoKrystal um 'Palanque' onde a discussão d'o Sexo dos Anjos' n'A Política', inibe qualquer apontamento de recurso alternativo, mas é na lembrança do discurso hipócrita que o caos se apresenta, na ausência de garantias à população de acesso à moradia, alimentação, educação e saúde, no mínimo, na compra/venda de votos e em promessas que jamais se cumprirão.
No palanque, o espetáculo.
Na platéia, homens, mulheres, crianças, culpados e inocentes, não importa. DiVerso e não Poeta, cidadão, elege em seu palco talvez a solução ao fundo do 'wallpaper': "NÃO VOTE".
Mas é como DiVerso e Krystal que em madrugada brasileira, indiferente a Portugal e a 10 dias do Dia do Trabalhador que a poesia grita: "Libertas Quæ Sera Tamen"!!! e a hemostasia então se faz.
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'Feliz Dia do Trabalho'! Lúdico e lúcido.
A política do sexo dos anjos é um dos desportos favoritos dos políticos, mas não só... os media também ajudam à missa...
Mais um magnífico poema.
Mordaz e incisivo.
Parabéns.
Bom resto de semana, caro amigo.
Abraço.
Que mais dizer depois do teu escrito,Revolução dos cravos, cravos murcho, triste a nossa realidade, mas mais triste ainda a passividade de nos deixarmos manipular, até quando, até quando.
beijinhos
"Onde está o pão prometido?"
Onde?!
Procuramos... esperamos... e confiamos que há de nos chegar à mesa e da mesa ao estômago... e não pela gratuidade. Contamos com o esforço merecido e com o trabalho remunerado ao nosso sustento. Para tanto dependemos da seriedade na administração de políticas públicas por parte de nossos dirigentes.
No 'Palanque' de KrystalDiVerso as imagens montam o cenário e DiVerso,
em versos, como Poeta e em toda sua sagacidade, nas cores da bandeira de Portugal, nos oportuniza a história de seu país, mas é como cidadão que demonstra a insatisfação que mina o crédito na política vigente, refletida na carência de uma sociedade, que em "25 de Abril" não esperava se transformar em "Política Sexual dos Anjos".
"Onde está o pão prometido?"
Onde?!!
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Bom fim-de-semana em feriado num domingo de '25 de Abril' que comemora o 'Dia da Liberdade', sem liberdade.
*
como podes Portugal,
sustentar tanto ladrão !!!
,
saudações,
,
*
UM POEMA COM FORÇA,GARRA...MORDAZ...E ASSIM OS POLÍTICOS VÃO ENTRETENDO AS SUAS HORAS...
ENQUANTO O ZÉ VAI EMAGRECENDO ...
GRATA PELA VISITA...QUE HONESTAMENTE NÃO ESPERAVA...UMA COPIOSA PROSA ...MUI SENSATA
ENTRE BEIJOS E ABRAÇOS ...FICAM AS SAUDAÇÕES AMISTOSAS
gostei de ler, e achei muita criatividade a maneira como postou.
bom domingo!
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