quarta-feira, 30 de junho de 2010

A Morte de Uma Bandeira


Leiva leve pela pluma,
Entre alumios do albedo,
Beija-luz de afagada espuma,
Dissolvida numa alba sem medo,
Alba lábil adormecendo cedo,
No regaço do Sol que se esfuma!

Reflecte-se a cor desvanecida,
Por perda de sangue, honra e glória,
Pintam-se derrotas com cores de vitória,
Cegando olhos abertos em malogros da vida,
Nos dias aos quais foi a luz do Sol consumida,
Pelo brilho mais intenso de corrompida escória!

Caminhos estreitos,
Ermos de sangue ponderados,
Cisma de combativa aparência patriótica,
Interesses do corpo com interesses suspeitos,
Intuitos autênticos entre intrujices misturados,
Escondidas cores sólidas de símbolos ilustrados,
Capazes de programar a matiz da marcha robótica,
Ponteando passos em bainha de uma Bandeira caótica,
Com as afiadas agulhas finas de um traidor proveito
Trespassando a esperança com olhos dos despojados,
Lágrimas de íris sem cor apagando sonhos desfeitos,
Erguidos sobre Bandeiras vivas de protegidos leitos,
Mantas e lençóis coloridos de celebração apoteótica,
Onde o Povo deitava a Alma dos sonhos acarinhados,
Que dormiam com o sorriso dos sonhos guardados,
Na Natureza certa do acordar com a mesma óptica,
Essa consagrada perspectiva de condignos direitos,
Das pessoas, que o são, sendo exemplos perfeitos,
Do que devia ser uma virtude dos povos guiados,
Pela virtude das pessoas de elevados respeitos!

Um violado cadáver apaixonado pela morte,
Exalou um beijo num último suspiro esquálido,
Que às portas exangues da morte jazia impávido,
Aguardando friamente a chegada de finada sorte,
Em arrastado Hino profundo de fúnebre recorte,
Patriota sem Bandeira, nu, por sua morte ávido!

Tão valorosa Honra é de muitos sagrada vaidade,
Sendo de outros pálidas bandeiras em desnorte,
Ondulando ao vento de uma sectária verdade!

6 comentários:

Teresa Alves disse...

Julho de 2010, quinta-feira.

DiVerso em versos tristes anuncia “A Morte das Bandeiras”.

Atestando o óbito a causa mortis pela hemorragia da 'honra' num poema de esperança perdida. Na marcha fúnebre, a verdade de um povo sem alternativas, como se morrer fosse um ato de coragem e necessário.
TransVerso às cores mórbidas, DiVerso, em seus pincéis, pinta de branco e amarelo o leito de morte, simbolizando a paz e a felicidade na derrota vitoriosa de um adversário desleal, lustre ilusório de uma pátria desbotada. Consequência de uma 'morte', tal qual como na vida, na poesia 'Krystal'izada, doce. Doce como um sorriso, ou como um abrigo, talvez como um abraço, ou mesmo como um jardim florido. Doce morte em prenúncio aDVerso, porque até os ‘vivos-mortos’ merecem uma morte com o mínimo de dignidade possível. Bandeiras ou [não]bandeiras.

É DiVerso e é Krystal, diante da fragilidade da vida, entre rimas e métricas, em expressão estética, coadunando toda sua sensibilidade em consciência poética.




|@

Luna disse...

Mortas e enterradas, ainda estão a ser choradas, mas não por muito tempo pois na vida tudo passa
Beijos

Jaime Latino Ferreira disse...

KrystalDiVerso


António Pina,


A BANDEIRA QUE VERDADEIRAMENTE INTERESSA


Por caminhos estreitos
ponderados
agita-se a bandeira da língua
em meus recados


Um abraço


Jaime Latino Ferreira
Estoril, 3 de Julho de 2010

Teresa Alves disse...

Edita-SE, as cores e alguns versos. Preservam-SE as rimas, em singular ou plural. Aperfeiçoa-SE o poema. A essência, permanece.




|@

vieira calado disse...

Uma bela, atempada

e veemente intervenção

a mostrar-nos a agonia

que se aproxima

da pátria!

Saudações poéticas

poetaeusou . . . disse...

*
Amigo,
,
desditosa bandeira,
desbandeirada
alma perdida
angustiada
pelas uniões
absorvida
rasgada, perdida,
sem emoções . . .
.
abraço,
,
*