sábado, 6 de dezembro de 2008

Holocausto canibal



Não pisarás o verde da terra,
Não verás o azul do céu,
Serás prisioneiro de guerra,
Serás réu,
E a justiça morreu!
Não verás uma alma bondosa,
Não verás um rosto rosado,
Não verás uma pele mimosa,
Não verás um corpo lavado;
Não terás um trapo,
Um trapo serás,
Morrerás de frio,
Serás um condenado nato!
Não encontrarás um rio,
Sentir-te-ás fraco,
Beberás ácido da bexiga de um porco,
Tua alma sorverás,
Comerás bocados de teu corpo,
Até pouco restar
Do teu filho inocente,
Rebento de teu sangue Comido ao jantar!
Mas resistirás,
A carne vais deixar de comer,
Teu corpo meio comido
Será nojento;
Arrastar-te-ás sem poder algum,
Já não serás violento,
Será teu refúgio o jejum,
Não falarás
Porque tua língua já comeste;
E cego como ficarás,
Do que sofreste,
Pouco verás!...

Definharás num pesadelo agitado,
Vomitarás tua mente distorcida,
Num asqueroso grito abafado,
Até tua alma ser digerida,
No caos da terra consumida,
Na vergonha do homem culpado.

2 comentários:

Teresa Alves disse...

Krystal,

a culpa do culpado o aprisiona
em verdadeiras celas de agonia...

Feito holocausto de canibais,
feito assombração
de um passado que não resiste...

E os olhos,
estes,
são fantasmas
perdidos em sombras.

De futuro,
nada.
De presente, nem o cônscio poder
sobre si mesmo.

São mortos-vivos.


...

Anónimo disse...

Na culpa por ser réu. Justo.