domingo, 26 de abril de 2009

Jornalista do Caos



Então, cego e surdo, também julgas!...
De imperador cínico é esse teu ar,
Esbugalhas os ohos para melhor ver,
Esgravatas os tímpanos para melhor ouvir,
Saltas de contente pelo falso pesadelo,
Arreganhas tua grande boca vergonhosa,

Por saberes a mentira que aí vem!...


Procuras em vão desespero socorrê-lo,
Nada valendo esse teu despertado sentir,
Porque honesto, honesto como devias ser,
Serias se não mentisses ao julgar,

Vendo um cão e descrevendo dez pulgas!
Vejo-te agora e rio-me com desdém;
Contorces-te em perícia falaciosa,

Da mentira do Império à verdade da sarjeta,
É artigo pardo sobre o qual não te atreves,
Consagração para sempre fechada na gaveta,
Glória criminosa de momentos breves,
Tinta falsa de corrupta caneta!
Então, cego e surdo, também julgas,
Vendo um cão e descrevendo dez pulgas!

Pouco mais de trampa é o que escreves,

2 comentários:

De Amor e de Terra disse...

Gostei muito de aqui vir, Parabéns!
Muitíssimo interessante.
Criativo e Inteligente.

Bj

Maria Mamede

Teresa Alves disse...

Krystal,

o caos se manifesta em cada esquina, em cada lar, em cada pessoa
enquanto sujeito de nós mesmos.

Somos eternos caos. Somos jornalistas e somos pulgas.
Mas também somos verdades.

A notícia nasce, não fomos nós que
a parimos,
antes de nós, vieram eles.

A quem reporta a notícia não cabe
julgamento, cabe informação.

Escrever com caneta pode não ser
a melhor opção...
lapiseiras antes da arte final,
tem seu efeito ponderado sobre
o caos que se instalou, quando
aos olhos dos outros,
nos preocupamos com o todo na parte (o cão) e de conteúdo
inútil nos restam as pulgas,
estas banidas com um bom
inseticida de melhor qualidade possível,
de preferência, aqueles à base da fidelidade e do tamanho de toda
lucidez permitida.

Assim, nos fazemos jornalistas,
e nunca pobres vendedores de jornal,
porque seu fim nada mais será
que o de catador de papéis...


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