domingo, 24 de maio de 2009

Prelúdio para a Fecundação


Escorrendo de teus olhos,
Espreguiço-me sobre teus seios,
Onde saboreio todos os poros,
De teus secretos devaneios!
*
Doce desculpa para atrevida carícia,
Que Deus fez com doce malícia;
Aperta-se o seio com mais firmeza,
Doendo o queimar daquela brasa acesa,
Mas, doce dor, controla com tal perícia,
Que o rude gesto é doce delicadeza!
*
Batida nervosa da paixão,
Embalo à solta de alegria,
Música doce para o coração,
Silêncio doce, incontida melodia!
*
Não é Inverno nem Verão,
O frio não é calor, nem este é frio,
O clima surpreende fio a pavio,
Ao relâmpago já não sucede o trovão,
Todavia isso já não interessa muito,
Porque há uma tempestade de Amor,
Algures, entre um par fortuito,
Que, felizes, numa onda de calor,
Ternura, respeito, paixão e prazer,
Estreitam-se, tocam-se, beijam-se,
Até que o instinto os leva a fazer,
O que sempre souberam;
Afundam-se num imenso mar doce,
Que saboreiam sôfregos, e não fosse
A resistência natural das coisas vivas,
Invernariam naquela Primavera de prazer,
E despertariam apenas em Maio,
Para o mesmo Amor experimentar fazer!
*
Hoje, vinte anos de carícias depois,
Guardo carícias de tão Krystal barriguinha,
Fortaleza viva de maternal ternura,
Que de uma enorme vida pequenininha,
Se fecundando com equivalente candura,
Sem ruído, sem tristeza, sem um ai,
Foi envaidecer-me a mim, o Pai!

5 comentários:

Nilson Barcelli disse...

Li os poemas da primeira página.
Gostei. Escreves bem e és poeta. Parabéns.
Abraço.

AnaMar (pseudónimo) disse...

Doce poemar de um amar em extâse, amor fecundo em paixão e palavras por inventar.

Hoje deixo um beijo e escolho um abraço.

Nilson Barcelli disse...

Eu vejo-o como poeta através das palavras que li. Se não se sente como tal... eu também não sou poeta, fique descansado... eheheh...

Não houve quaisquer "pozinhos sarcásticos" no meu comentário. Impressão sua... chamar poeta foi um elogio, nada mais. Mas acrescento: muito original. A linha que segue é inovadora, para além da irreverência, que é saudável.

Abraço.

Serenidade disse...

Parabéns à(o) filhota(e).

Está magnifica este poema que retrata tão bem toda a concepção de um amor proveniente de um outro amor.

Serenos sorrisos

Teresa Alves disse...

O desejo, a família e o amor. Não necessariamente nesta ordem.

'Prelúdio para a Fecundação' é poema de amor explícito.

No cheiro do amor, no gosto do amor, os versos, DiVerso[s] e Krystal[ais], e na temperatura ideal do amor a "enorme vida pequenininha".

Um poema assim, para se guardar. Um amor assim, para se admirar.

Um lugar assim, para descansar.

¬
Feliz Natal, ao Poema.