segunda-feira, 26 de abril de 2010

Trabalhando na Política Sexual dos Anjos


Na divagação do discurso em pertinência do nada,
Queimando prolegómenos usurários de uma obra adiada,
Sobre a hipomancia esperta em angélicos coices dos burros,
Que os burros de carga amam com a fé de zurrares casmurros,
E até o pelado asno curvado sob o peso de sua escrava lombada,
Compõe zornadas vozes celestes ensaiando uns inteligentes urros,
Como se um peido esganado fosse o forte ribombar da trovoada!

Entram as promessas gordas e rosadinhas de saúde,
Saindo ligeiras da boca mentirosa que bonança alude,
Falam do tesouro encontrado a que todos têm direito,
Bastando uma cruz analfabeta rabiscada a preceito,
Comprada por nada à ignorância da ingénua virtude,
E lá se foi a virgindade de quem se pôs mesmo a jeito,
Restando o remorso de quem vota mea culpa no peito!

Apertam-se os arreios dos alazões verdadeiros jumentos,
Escondem orelhas de burro e outros anatómicos segmentos,
Olham a mão que rabiscou o voto pensando garantir o salário,
Preparam-se os punhos cerrados para mais um conto do vigário,
Procurando novas promessas que prometam o fim dos tormentos,
Na certeza que o salvador é caso perdido eleito como mal necessário,
O mesmo que antes da fome, a fome semeou na prole de um proletário!

Quanto mais o povo se baixa mais o cu se expõe a quem o quer foder,
É vício que o povo tem de gostar de ser fodido por quem o sabe fazer,
E se desce dos céus um verdadeiro messias capaz da miséria os salvar,
O desprezo é arma silenciosa conivente com a voz imparcial de julgar,
A mesma voz amordaçada pela corrupção que ao império soube ceder,
Pela falta de verdade dos bonifrates patriotas que não souberam reger,
Esquecendo um povo de Real história a quem deixaram um pobre legar,
Uma herança de pobreza pela retórica política que soube enriquecer,
À custa de uma doutrina sectária sempre disposta a verdade mudar!

Discute-se no sol do nabal e na maldita chuva da eira,
Sobre os cravos vermelhos de uma marafona matreira,
Aquela que tinha uma lábia de fazer corar a palavra,
Bordada na liga rendada de uma sedutora freira,
Discursos revolucionários de sua devota lavra,
Tentações patrióticas de uma ladra,
Filha de mãe solteira!

A retórica política tem um desejo fantasma,
Que pelo sexo dos anjos se entusiasma!

4 comentários:

Teresa Alves disse...

A inspiração do nada a se dizer... é alma do outro mundo na arte do bem falar.

Marx vive... sempre viverá na voz daqueles que se manifestarem contra todo e qualquer tipo de exploração e miséria humana. Assim, DiVerso no universo de KrystalDiVerso.















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Boa semana!

Ava disse...

Nada de eloquente...

Deixo-te apenas um beijo e um obrigada...

Lugar de Partilha disse...

O seu espaço é deslumbrante.
É bom ler alguém tão lúcido neste mundo ao contrário.

Um forte abraço!!

Teresa Alves disse...

E o Palanque de Diverso, agora anarquista, "Trabalhando" pelo Dia do Trabalhador na "Política Sexual dos Anjos" nos convida ao discurso. A Pirâmide é a causa do "pão" que nos falta à mesa e a razão de estarmos "Até ao Osso". Enquanto a solução está em cada um de nós - POVO.

Agradeço a reflexão e independente das cores que usa ao pintar seu poema, Diverso, em verde e amarelo, também sofremos do mesmo mal.
















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Bom Feriado pelo Dia do Trabalhador, com direito ao verdadeiro descanso que nos é merecido.